terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Pose Ou Atitude

Nos últimos tempos, principalmente no ínicio de 2010 tem-se vindo a testemunhar uma grande afluência aos concertos, basta comparar com o ano passado. Algo excelente, pois é sinal que o movimento está a crescer e que cada vez mais aparece mais gente interessadanaquilo que fazemos e acreditamos. com a afluência de interessad@s o movimento rejuvenesce e leva com uma lufada de ar fresco à muito necessitada.
Mas infelizmente, apesar da afluência aos concertos ter vindo a aumentar, o pensamento crítico e a inovação parecem ter estagnado. Numa contracultura como aquela com que nos identificamos, é crucial anexar a consciencialização aos concertos e à diversão, pois ambas as actividades são importantes.
Parece-me que este vírus denominado alienação está cada vez mais a infectar a música de intervenção. é extremamente comum ver pessoal nos concertos a berrar de pulmões abertos letras de agitação e a ostentar simbologia subversiva, mas quando chega realmente a altura de actuar, ou estão demasiado drogados para isso ou simplesmente não estão com vontade. Verifica-se uma paralização dentro do movimento.
O que é dest2s revolucionári@ quando existem iniciativas como manifestações, debates, boicotes, ou o que quer que seja?!
Aqueles que mais se tentam afirmar e mostrar aquilo que são (ou querem ser), acabam por ser os que menos aparecem nestas iniciativas e os que menos trabalham para ver em prática aquilo em que acreditam. Temos de abrir os olhos e mudar. Não podemos deixar que a nossa cultura se torne apenas uma moda, mas sim que rejuvenesça e aproveite esta lufada de ar fresco que tem vindo a receber. Temos de trazer para os concertos acção e intervenção. Consciencializar e agir. E quando me refiro a acção, não falo de mudança na internete ou nos fóruns. Falo de mudança nas ruas e no contacto directo entre nós.
Outro caso flagelante é a atitude que temos para com nós próprios e para com os outros.
As coisas mais importantes passam para o segundo plano, e as coisas irrelevantes como a estética por exemplo, tornam-se principais.
Parece ser mais relevante a roupa que ostentamos e não a atitude que temos. E o feedback que se recebe é igual às atitudes que tomamos, pois parece que se alguém não se vestir de acordo com os estereótipos definidos é logo posto de parte. Por outro lado, se encontramos um indivíduo mais alienado do que uma pedra, mas se tiver a sua farda completa e em ordem, já merece um protagonismo ridículo e é logo posto num pedestal, sendo visto como um ídolo por muita gente.
Infelizmente é isto que se verifica, e parece estar a aumentar cada vez mais. Cabe-nos a nós inverter esta situação e abrir os nossos horizontes... Ou melhor, pô-los onde nunca deveriam ter saído.
Põe em prática aquilo que dizes ser.
Texto de panfleto distribuído num concerto realizado no Ateneu Libertário de Lisboa.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

FRONTALMENTE CONTRA FRONTEIRAS

De que serve haver um rio que liga as margens
Seos homens as separam com fronteiras
Há milénios qu' há vida nestas paragens
separada por costumes e barreiras.
Encontrei aves e peixes nas viagens
Iguais em tudo de todas as maneiras
Não se distinguem em raças nem linhagens
O seu mundo são estas terras inteiras.

Duas margens iguais em aparência
Uma terra que o homem separou
Dividir p'ra reinar é uma ciência
que o diga quem na terra soçobrou
vencido p'ela mais dura violência.
O homem fez o que o rei e deus mandou
Dividiu por sua conveniência
E quem manda, por mais tempo dominou.


Paulo Emanuel Rodrigues