JOVEM:
O prazer que se pode obter, inicialmente, com o consumo de drogas (heroína, cocaína,etc), não compensa. Aliás, é o prazer que as drogas propiciam aos seus consumidores, no começo do consumo, que constitui a armadilha, o engodo. Se bem que, no início, gozem e brinquem com a droga, os seus consumidores acabam inelutavelmente por se tornar ESCRAVOS dela. Além das graves doenças e dos horríveis sofrimentos, físicos e psíquicos, que origina, a droga transforma indivíduos humanos em seres totalmente desprovidos de vontade própria, de auto-estima e de respeito por si próprios. Constituindo uma vacina contra a natural rebeldia humana, a droga despersonaliza, por completo, os seus consumidores. É patenta que os toxicodependentes de assemelham muito uns aos outros. Até parecem fotocópias uns dos outros. Tem-se falado muito, ultimamente, nos perigos da "clonagem", omitindo-se que o teatro inerente ao actual consumismo mercantil, um consumismo de ilusões e de imagens falsificadas da realidade, está a transformar a humanidade num autêntico REBANHO. Já tínhamos o gado patriótico-militar e o gado eleitoral. Agora, temos também o GADO MERCANTIL.
Sendo o efeito, os toxicodependentes constituem a parte visível da miséria humana inerente à droga, isto é, a parte de uma execrável relidade social que os veiculadores das mentiras políticas e mercantis não conseguem encobrir. É isto que explica o facto de os toxicodependentes constituirem o alvo preferido dos comportamentos irracionais antidroga, alguns dos quais, de multidões comandadas por políticos de campanário que embora vociferem contra a droga e os drogados, não se mostram esquisitos no que se refere à origem dos "cacaus" dos patrocionadores das suas campanhas eleitorais. É claro que os toxocodependentes, os "calhaus com olhos" na boca de certos espertalhaços que vendem droga, desempenham o papel de bodes expiatórios do crime organizado, isto é, do crime fomentado e protagonizado pela forças capitalistas dominantes, que neste domínio da sua actividade mercantil, como noutros, contam como toda a gente sabe, com bons apoios no seio de Estado dito de Direito.
O "mundo da droga" é, sob todos os seus aspectos, uma realidade social ABOMINÁVEL E NOJENTA. A sua existência exprime bem o estado de DECADÊNCIA, de PODRIDÃO, a que chegou a sociedade humana, sob o domínio do Estado e do capitalismo.
JOVEM:
Não é a "vida" de droga que constitui a alternativa à droga da vida actual. Como a procura dos paraísos celestes, prometidos pelas religiões, a "vida" de droga é uma FUGA ILUSÓRIA desta sociedade de ILUSÕES. Não existem paraísos celestes nem terrestres. A verdadeira VIDA é uma luta incessante, uma REBELDIA PERMANENTE. Aliás, é a REBELDIA HUMANA contra o curso natural das coisas que constitui a essência da cultura.
Altrenativa à droga de vida actual, uma "vida" de misérias várias, uma "vida" sem grandeza, desprovida de valores e sentimentos elevados, uma "vida" sem intensidade nem variedade, monótona, de tédio, só pode ser um combate por um IDEAL de dignificação e de engrandecimento da pessoa humana, um IDEAL baseado nas qualidades humanas das quais os próprios seres humanos se despojaram, atribuindo-as aos deuses, celestes e terrestres. Alternativa à merda da vida actual, uma "vida" em que os mentirosos de "cima" acreditam nas mentiras que veiculam e em que os enganados de "baixo" procuram, por meio do consumismo mercantil, imitar os comportamentos teatrais das várias vedetas sociais, em que uns e outros abdicam, por conseguinte, da sua individualidade, só pode ser uma luta social que tenha como base a motivação do indivíduo humano, considerado não como uma abstracção, mas sim como um ser único e multidimensional, como um ser inconfundível e dotado de uma dimensão ético-social.
Alternativa à droga da vida actual, só pode ser uma luta que vise substituir a sociedade podre por um NOVO MEIO SOCIAL, uma REVOLUÇÃO SOCIAL que, suprimindo o Estado e o capitalismo, crie as condições sociais que permitam que cada ser humano concreto seja, de facto, LIVRE, isto é, um ser auto-activo, autocriativo e dotado de uma vontade própria.
Só o pensamento anarquista, que não se baseia em conceitos colectivos, aponta o caminho da LIBERDADE INDIVIDUAL, a base e a essência de uma VERDADEIRA VIDA.
NÃO À ALIENAÇÃO! NÃO ÀS VÁRIAS DROGAS!
VIVA A LIBERDADE! VIVA A ANARQUIA!
16/4/1997 Federação Anarquista Ibérica.
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