Nos últimos tempos, principalmente no ínicio de 2010 tem-se vindo a testemunhar uma grande afluência aos concertos, basta comparar com o ano passado. Algo excelente, pois é sinal que o movimento está a crescer e que cada vez mais aparece mais gente interessadanaquilo que fazemos e acreditamos. com a afluência de interessad@s o movimento rejuvenesce e leva com uma lufada de ar fresco à muito necessitada. Mas infelizmente, apesar da afluência aos concertos ter vindo a aumentar, o pensamento crítico e a inovação parecem ter estagnado. Numa contracultura como aquela com que nos identificamos, é crucial anexar a consciencialização aos concertos e à diversão, pois ambas as actividades são importantes.
Parece-me que este vírus denominado alienação está cada vez mais a infectar a música de intervenção. é extremamente comum ver pessoal nos concertos a berrar de pulmões abertos letras de agitação e a ostentar simbologia subversiva, mas quando chega realmente a altura de actuar, ou estão demasiado drogados para isso ou simplesmente não estão com vontade. Verifica-se uma paralização dentro do movimento.
O que é dest2s revolucionári@ quando existem iniciativas como manifestações, debates, boicotes, ou o que quer que seja?!
Aqueles que mais se tentam afirmar e mostrar aquilo que são (ou querem ser), acabam por ser os que menos aparecem nestas iniciativas e os que menos trabalham para ver em prática aquilo em que acreditam. Temos de abrir os olhos e mudar. Não podemos deixar que a nossa cultura se torne apenas uma moda, mas sim que rejuvenesça e aproveite esta lufada de ar fresco que tem vindo a receber. Temos de trazer para os concertos acção e intervenção. Consciencializar e agir. E quando me refiro a acção, não falo de mudança na internete ou nos fóruns. Falo de mudança nas ruas e no contacto directo entre nós.
Outro caso flagelante é a atitude que temos para com nós próprios e para com os outros.
As coisas mais importantes passam para o segundo plano, e as coisas irrelevantes como a estética por exemplo, tornam-se principais.
Parece ser mais relevante a roupa que ostentamos e não a atitude que temos. E o feedback que se recebe é igual às atitudes que tomamos, pois parece que se alguém não se vestir de acordo com os estereótipos definidos é logo posto de parte. Por outro lado, se encontramos um indivíduo mais alienado do que uma pedra, mas se tiver a sua farda completa e em ordem, já merece um protagonismo ridículo e é logo posto num pedestal, sendo visto como um ídolo por muita gente.
Infelizmente é isto que se verifica, e parece estar a aumentar cada vez mais. Cabe-nos a nós inverter esta situação e abrir os nossos horizontes... Ou melhor, pô-los onde nunca deveriam ter saído.
Põe em prática aquilo que dizes ser.
Texto de panfleto distribuído num concerto realizado no Ateneu Libertário de Lisboa.